segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conversa de Gente Grande Mesmo



Conversa Afiada

Em 19 de agosto eu aproveitei o contato feito com o Gerson Lodi-Ribeiro para trocar figurinhas sobre nossas obras. Achei legal conhecer mais sobre outro escritor deste segmento fantástico, embora ambos não ter o costume de ler quando está se dedicando a escrever suas historias, uma tecnica para o trabalho não sofrer influências, ou, como ele proprio diz: para evitar "contaminação".

Isso me fez lembrar das primeiras versões de Escuridão Absoluta, mais para Star Wars e Galáctica devido à minha adoração por efeitos visuais. Em meu projeto atual tudo está planejado diferente e para os proximos 10 anos, depois disso não sei se vou continuar a escrever. E nos intervalos vou procurar ler as obras feitas pelos colegas, e acumulo no "carrinho de compras" cinco livros interessantes. Jà o Gerson não quer deixar de escrever um só dia, e sobre isso ele disse: “ Talvez por eu ser um pouco monomaníaco e não conseguir "largar o osso" enquanto estou com uma história engasgada.”

Eu acho esse assunto imprevisível, mas a minha mente precisa constantemente de descanso. Então comparamos nosso metodo de trabalho, e apesar da semelhança eu demoro mais do que ele para colocar tudo nos minimos detalhes. Ele confessou também reescrever um bocado. E realmente essa habilidade varia de pessoa para pessoa e depende também do tipo de história, e do grau de dificuldade de planejamento das informações necessárias para reter a ideia num parágrafo.

Daí brinquei que faço mais o estilo George Lucas, nos tempos da faculdade, ou seja, um ermitão compenetrado, mas se eu fico atolado de coisas não sai nada. Expliquei sobre meu cansaço, provavelmente resquicio de um AVC sofrido duas decadas atrás, quando a medicina ainda gatinhava e tratava esses casos como uma marolinha, eu mesmo só tive certeza disto quando vi o técnico vascaíno deixar o gramado no ano passado. E escrever parece ter ajudado a reconstituir as funções. O Gerson falou que escreve porque é a coisa mais gostosa de fazer.

Minha paixonite sempre foi pelo espaço sideral, pela ficção científica de aventura. A dele por historias alternativas vivenciadas no estilo: E se fosse assim... Em mim, o desejo nasceu da forma como meu pai contava a vez em que assistiu Flash Gordon no Planeta Mongo na década de 40. Ele me mostrou como o gênero era divertido e aquela imagem em que Ming se comunica através da tela de um televisor nunca lhe saiu da cabeça.

Então sempre quis fazer algo semelhante e a partir de 1978 rascunhei Escuridão Absoluta em um caderno brochura e senti que aquilo seria minha space ópera, e deu certo. E é lógico. pensei em tudo de maneira comercial. A princípio eu não planejava homenagear o meu pai. Ele não me deixou bens, deu boa educação a mim e aos meus irmãos, e só a usamos corretamente.

Gerson achou nobre querer agora homenagear meu pai com a obra, mas aí eu lhe confessei a verdade pura: Escuridão Absoluta só saiu da gaveta depois de colocar esse objetivo em mente. Destino, talvez. Foi em 2010. Um dia acordei pensando em como faria as pessoas conhecerem quem me fez gostar de ficção científica. E quando dei inicio ao Volume II escrevi a dedicatória, ficou bonita e a historia deslanchou. Uma produção trabalhosa e cheia de emoção nasceu com uma pitada da cultura indígena Kaiapó.

E depois de falar sobre minha obra pedi ao Gerson para falar um pouquinho sobre seu ultimo livro, Xochiquetezal, Editora Draco, 2009, que narra a vida de uma princesa Asteca na época da invasão espanhola, pois achei o tema dificil de escrever.

Gerson abriu o jogo e disse ter lido um bocado de livros sobre as civilizações inca e asteca antes de começar a escrever, porque sempre se interessou por essas culturas. E sendo uma história alternativa, o resultado foi notoriamente satisfatório. E após ler as resenhas da historia no site da editora eu descobri muitos fatos novos sobre a historia do continente. Também vi que todo escritor tem de passar pela mesma romaria e revisar sua obra depois de achar que estivesse terminada. Mas esse trabalho todo é o que faz nossas obras valerem a pena, embora no Brasil não exista muitos adeptos deste gênero que tanto apreciamos e desejamos contar, mas acreditamos no modo como fazemos nossas historias, principalmente no trato da cultura mesoamericana.

Só tenho a dizer que eu e o Gerson trabalhamos com desenvoltura para proporcionar uma aventura com toques de brasilinidade e muito bom gosto.

Valeu pela conversa, Gerson!

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