Conversa Afiada
Em 19 de agosto eu aproveitei o contato feito com o
Gerson Lodi-Ribeiro para trocar
figurinhas sobre nossas obras. Achei legal conhecer mais sobre outro escritor
deste segmento fantástico, embora ambos não ter o costume de ler quando está se
dedicando a escrever suas historias, uma tecnica para o trabalho não sofrer
influências, ou, como ele proprio diz: para
evitar "contaminação".
Isso me fez lembrar das primeiras versões de Escuridão Absoluta, mais para Star Wars
e Galáctica devido à minha adoração por efeitos visuais. Em meu projeto atual tudo
está planejado diferente e para os proximos 10 anos, depois disso não sei se
vou continuar a escrever. E nos intervalos vou procurar ler as obras feitas pelos
colegas, e acumulo no "carrinho de compras" cinco livros
interessantes. Jà o Gerson não quer deixar de escrever um só dia, e sobre isso
ele disse: “ Talvez por eu ser um pouco
monomaníaco e não conseguir "largar o osso" enquanto estou com uma
história engasgada.”
Eu acho esse assunto imprevisível, mas a minha
mente precisa constantemente de descanso. Então comparamos nosso metodo de
trabalho, e apesar da semelhança eu demoro mais do que ele para colocar tudo
nos minimos detalhes. Ele confessou também reescrever um bocado. E realmente
essa habilidade varia de pessoa para pessoa e depende também do tipo de
história, e do grau de dificuldade de planejamento das informações necessárias
para reter a ideia num parágrafo.
Daí brinquei que faço mais o estilo George Lucas,
nos tempos da faculdade, ou seja, um ermitão compenetrado, mas se eu fico
atolado de coisas não sai nada. Expliquei sobre meu cansaço, provavelmente
resquicio de um AVC sofrido duas decadas atrás, quando a medicina ainda
gatinhava e tratava esses casos como uma marolinha, eu mesmo só tive certeza
disto quando vi o técnico vascaíno deixar o gramado no ano passado. E escrever
parece ter ajudado a reconstituir as funções. O Gerson falou que escreve porque
é a coisa mais gostosa de fazer.
Minha paixonite sempre foi pelo espaço sideral,
pela ficção científica de aventura. A dele por historias alternativas
vivenciadas no estilo: E se fosse assim... Em mim, o desejo nasceu da forma
como meu pai contava a vez em que assistiu Flash
Gordon no Planeta Mongo na década de 40. Ele me mostrou como o gênero era
divertido e aquela imagem em que Ming se comunica através da tela de um
televisor nunca lhe saiu da cabeça.
Então sempre quis fazer algo semelhante e a partir
de 1978 rascunhei Escuridão Absoluta em um caderno
brochura e senti que aquilo seria minha space ópera, e deu certo. E é lógico.
pensei em tudo de maneira comercial. A princípio eu não planejava homenagear o meu pai. Ele não me deixou
bens, deu boa educação a mim e aos meus irmãos, e só a usamos corretamente.
Gerson achou nobre querer agora homenagear meu pai
com a obra, mas aí eu lhe confessei a verdade pura: Escuridão Absoluta só saiu
da gaveta depois de colocar esse objetivo em mente. Destino, talvez. Foi em 2010.
Um dia acordei pensando em como faria as pessoas conhecerem quem me fez gostar de ficção científica. E quando
dei inicio ao Volume II escrevi a dedicatória, ficou bonita e a historia deslanchou. Uma produção trabalhosa e cheia
de emoção nasceu com uma pitada da cultura
indígena Kaiapó.
E depois de falar sobre minha obra pedi ao Gerson
para falar um pouquinho sobre seu ultimo livro, Xochiquetezal, Editora Draco, 2009, que narra a vida de uma
princesa Asteca na época da invasão espanhola, pois achei o tema dificil de
escrever.
Gerson abriu o jogo e disse ter lido um bocado de
livros sobre as civilizações inca e
asteca antes de começar a escrever, porque sempre se interessou por essas
culturas. E sendo uma história alternativa, o resultado foi notoriamente satisfatório.
E após ler as resenhas da historia no site da editora eu descobri muitos fatos
novos sobre a historia do continente. Também vi que todo escritor tem de passar
pela mesma romaria e revisar sua obra depois de achar que estivesse terminada.
Mas esse trabalho todo é o que faz nossas obras valerem a pena, embora no Brasil
não exista muitos adeptos deste gênero que tanto apreciamos e desejamos contar,
mas acreditamos no modo como fazemos nossas
historias, principalmente no trato da cultura mesoamericana.
Só tenho a dizer que eu e o Gerson trabalhamos com
desenvoltura para proporcionar uma aventura com toques de brasilinidade e muito
bom gosto.
Valeu pela conversa, Gerson!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente sobre o livro e seus personagens.