quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A HISTÓRIA POR TRÁS DA ESCURIDÃO - PARTE I

ENTREVISTA EM DUAS PARTES

Todo leitor jovem nem imagina quanto tempo um autor leva para dar corpo ao seu trabalho. Temos o exemplo de escritores famosos, como: Vinícius de Morais. Mas em nenhum momento se soube quanto tempo leva para um escritor de ficção científica criar uma boa história.

Blog-Will43: Nossa conversa anterior foi bem descontraída e aguçou a curiosidade de algumas pessoas. Portanto, falaremos sobre a criação do livro Escuridão Absoluta.

Roberto: Sem problema. Pode perguntar.
Blog-Will43: Na entrevista anterior você afirma que lia artigos científicos e romances de ficção. Poderia citar alguns deles?
Roberto: Posso sim. Mas a história é longa, você vai ter de me aturar! - risos.
Blog-Will43: Tudo bem. Vamos ter uma página só pra esta entrevista. Continue.
Roberto: Vamos lá! Na época em que nasceu a ideia de escrever a historia eu lia Artur C Clark, autor de 2001 e 2010. Acompanhei os pocket books da série Battlestar Galáctica, estes são os que me lembro agora. Eu era fã de séries de TV, como: Jornada nas Estrelas, Fuga no Século XXIII, Planeta dos Macacos e Perdidos no Espaço, que eu assistia desde pequeno. Espaço: 1999 foi uma série que curti bastante na extinta Rede Tupi, e até tenho ideias para uma nova trama. Dos quadrinhos veio o gosto por super-heróis e aventuras fantásticas. E teve um episódio em minha vida quando conheci o grande Hélcio de Carvalho, na época diretor de quadrinhos da Editora Abril, que morava na mesma rua que eu. O Hélcio se sentou ao meu lado no ônibus, ao voltar pra casa, e me encontrou lendo gibi. Ele então abriu sua maleta e despejou cinco exemplares de cortesia na minha mão. Foi um baita incentivo, por conta disto você pode ter ideia do quanto eu amava quadrinhos. Quando eu me casei tinha cerca de dois mil gibis e minha mulher ao ver tudo aquilo ficou maluca. Eu tinha várias coleções completas da Bloch Editores e entre elas havia a do Homem-Aranha e a do Superman, mais as da Editora Abril e Panini Comics. Ela me fez vender tudo! Até hoje eu sou fã incondicional de Stan Lee, Steve Dikto e Jack Kirby e seus personagens, que agora curto no cinema. Mas voltando ao assunto do livro, em meio à leitura de gibis e romances comecei a ler aos domingos  os artigos do proeminente astrofísico Marcelo Gleiser; e assim passei a admirar o trabalho de outro astrofísico com mil ideias na cabeça sobre o Universo: Alex Fillipenko. Estes artigos me inspiraram a escrever um conto em 1978, este também foi o primeiro rascunho das aventuras de Loma & Cássia dos confins do cosmo a participar de um concurso. Lembro-me de ter recebido incentivo do meu empregador, que prestava serviços gráficos às editoras. Já em 1982, refiz toda a estrutura do conto e dei inicio ao livro, inclusive com novo título, passando a se chamar: Uma Aventura nas Estrelas. Como eu desenhava muito bem, rascunhei o perfil de vários personagens, que podem ser vistos no blog, mas a história ficou empacada no quinto capítulo durante décadas, até chegar em 1996, no surgimento das pequenas editoras por demanda. Corri e apresentei meu trabalho à Rosalba Fachinetti, da Angelara Editora Ltda. O texto estava cru e não havia chegado ao final, só havia feito até o quinto capítulo. A Rosalba me incentivou, embora o mercado não estivesse tão aquecido quanto se pensava para uma editora pequena arcar com produções independentes. Entretanto, nós nos reuníamos para pensar em como dar corpo à obra, e a primeira coisa que perguntou para mim foi: o que é o Matador de Estrelas? Eu dei uma definição razoável baseada na teoria das cordas, mas aí notei que até aquele momento eu não havia construído as características do fenômeno. Marquei o ponto pra ela. Depois disso, ela ainda me pediu pra arrumar um nome mais comercial, pois uma aventura nas estrelas rimava com guerra nas estrelas e jornada nas estrelas, os dois ícones da época. Eu passei uma semana sobre o minidicionário Aurélio para encontrar o título adequado. Então uni duas palavras escuridão e absoluta com o subtítulo: O Matador de Estrelas. E a Rosalba gostou do resultado, porem, achava o subtítulo um tanto perverso, mas eu o mantive assim mesmo. Como estávamos próximos do fim do milênio, havia aquele clima de destruição do mundo e eu queria aproveitar para lançar a saga como uma história apoteótica atemporal, que poderia ser contada em qualquer época, mas que não necessariamente envolve-se viagens no tempo, dimensões paralelas ou quinta dimensão. Um ano se passou, o mercado gorou e a Rosalba fechou as portas. Desde as minhas reuniões com a Rosalba tive um excesso de insights para a produção de historias e, com tempo livre, concluí o primeiro ensaio da saga Escuridão Absoluta cujo registro foi no mês de outubro de 1997. Depois disto vieram mais dois títulos registrados em 1998, Sem Vestígios e Orbitador Espacial: Niterói. Escrevia como louco, mas eram mais ideias do que texto apreciável. Perdi meu emprego e com a indenização parti para a produção independente com a tiragem de 200 exemplares da aventura policial: Sem Vestígios. Foi um sucesso, mas o texto estava cheio de erros gramaticais. Fui um amador mesmo! Aí chegou uma série de televisão chamada Labirinto, a minissérie policial de Gilberto Braga estreada pelo ator Marcos Assumpção, e quando vi o autor dando entrevista para explicar as falhas da trama, um mês depois eu apresentei Sem Vestígios para o Luiz Gleiser, diretor na companhia Globo Filmes naquele ano de 1998, e em dezembro estava assinando um contrato de orçamento. Aí chegou 1999, e, igual à série homônima, veio o desastre. A manipulação da cotação do dólar pelo governo federal destruiu o sonho de produzir grandes produções de cinema por mais de uma década. E eu continuei no anonimato, sem um grande final para a saga de Escuridão Absoluta.

continua....





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